EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


Aqui o "Acordo Ortográfico" vale ZERO!
Reparos ou sugestões são bem aceites mas devem ser apresentadas pessoalmente ao autor.

20090928

Esmiuçando o Funicular de Viseu



Vamos lá então "esmiuçar" a reportagem e as declarações de Américo Nunes, na dupla função de representação da ViseuPolis e vice-presidente da câmara, e Fernando Ruas o presidente:
A linha do funicular não começa ou acaba na Cava de Viriato, como poderá entender-se da reportagem, mas junto do Museu da EDP na Praça de Viriato, denominação atribuída pelos responsáveis pelo "Plano de Pormenor da Envolvente Urbana do Rio Pavia". Se assim fosse a sua existência faria mais sentido. Américo Nunes fala da "inveja" de outras cidades com "geomorfologia" idêntica à de Viseu - duvido muito por que a opção pelo tipo e linha, carris com buracos, ao centro, transformou a ruas e a Calçada de Viriato numa "linha ferroviária" com muitas passagens de nível sem guarda, propiciadoras de acidentes. Quanto à dependência dos resultados financeiros da ViseuPolis, sociedade em vias de liquidação, dos valores das expropriações, parece-me que como não houve acordo com os expropriados e serão os tribunais a estabelecer os valores, é provável que os valores subam e muito, porque muitas vezes os valores propostos e não aceites pelos proprietários são muito baixos, mais parecendo verdadeiros assaltos aos seus direitos e à propriedade.
Reparam que Fernando Ruas, muito orgulhoso da obra, desceu a ladeira na frente da carruagem e de pé e que no regresso, na traseira, vinha sentado.
Quanto aos sempre lamentáveis acidentes, eram de esperar e por esse motivo a abertura do funicular foi adiada e foram colocadas no terreno não uma, mas cinco medidas "adicionais de segurança".
O mais recente acidente que o presidente lamenta foi originado fundamentalmente pela pressa e pela falta de cuidado. Os cabos de aço que protegem a linha ainda não estavam colocados, decorriam ensaios e durante o desfazer da feira circulava e trabalhava muita gente no local. Se a linha é tão segura por que motivo a taparam, com grandes chapas metálicas, chapas pequenas e finalmente com um tubo de plástico preto, durante a Feira de São Mateus e não funcionou? Fernando Ruas compara esta linha com as linhas de eléctrico e de metro de superfície mas erra porque esta linha é evidentemente diferente. O sistema de tracção escolhido, dois cabos de aço que puxam e ligam as duas carruagens origina à existência de um "buraco" no centro dos carris que nos locais de duplicação da via obrigaram à colocação de plataformas elevatórias, triangulares com cerca de meio metro de largura na base e poucos centímetros no ângulo oposto.
Finalmente ao assegurar que o funicular irá ser, durante um ano, gratuito e passar a permitir o estacionamento junto da estação inferior -"Viriato", a carros ligeiros e autocarros de turismo cumpre-se o que há muito já previa e que os autores do plano pretendiam evitar... o regresso do local à sua função primitiva de parque de estacionamento, nos meses em que não há feira, em vez do prometido "espaço público de qualidade" com uma nova "atractividade durante o resto do ano".
E já agora, uma questão, uma dúvida pertinente... O tão seguro funicular irá funcionar durante o tempo da Feira de São Mateus?