EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


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20170413

"Egreja da Via Sacra"


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"Via Sacra

É muito antiga e demora em sitio alegre e vistoso, sobranceiro a Viseu, lado oriental, extra muros, a egreja da Via Sacra ou de S. Francisco das Chagas; ignora-se porem a data da fundação d’este templo que, pela sua architectura, mostra não ser anterior ao seculo XV, segundo se lê nas Memorias de Berardo.
Pertence à irmandade ou confraria de S. Francisco das Chagas, extra muros, que perdeu os seus antigos estatutos e presentemente se rege por um compromisso approvado em 1780.
Deu-se a esta egreja ou cappela o título de Via Sacra, porque desde tempo muito remotos costumavam os irmãos da ordem 3.ª de S. Francisco ir da sua egreja até aquella todos os annos, nas sextas feiras da quaresma, visitar ou percorrer a Via Sacra, sempre com grande concurso de povo, principiando este devoto exercício na egrega dos irmãos 3ªs, sita no Largo de Santo António, e terminando na dicta egreja da Via Sacra ou de S. Francisco, extra muros, para o que levantaram ao longo do caminho uma serie de grandes cruzes de pedra, desde um até o outro templo.
A dicta irmandade de S. Francisco das Chagas tem muitas indulgencias e no dia 10 de março um jubileu para os irmãos, sempre muito concorrido."

FONTE: “PORTUGAL ANTIGO E MODERNO, DICCIONARIO…” de Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho Leal, continuado por Pedro Augusto Ferreira, Lisboa, Livraria Editora de Tavares Cardoso & Irmão, 5 - Largo de Camões – 6, 1890.

NOTA: O “Largo de Santo Antonio” na época era o “Passeio de D. Fernando”, outrora “Quinta de Maçorim”, depois “Campo de Maçorim”, “Rocio de Santo Antonio”, pela vizinhança do demolido Convento de Santo Antonio, de frades capuchos (Franciscanos), na actualidade o “Rossio”, mas oficialmente a “Praça da República”

ILUSTRAÇÃO: "VIZEU - 21 - ERMIDA DA VIA SACRA (...)", Bilhete Postal Ilustrado, Editor e Fotógrafo não identificados, Circulado em 27 de Janeiro de 1910.
A cruz da 12ª estação da Via-Sacra ("Jesus morre na cruz)", visível à esquerda da imagem, era de madeira, estava abrigada num nicho mas naturalmente apodreceu. As restantes "grandes cruzes", certamente não foi tempo que as fez desaparecer mas a acção dos homens.